A educação, o desejo e a arte da transformação
01/08/2018

A abordagem educacional italiana da cidade de Reggio Emilia é considerada uma das melhores do mundo em Educação Infantil. Nascida das ruínas de um povo recém-saído da 2ª Guerra Mundial, a metodologia de Reggio promove uma experiência educacional calcada na experiência e na transformação. Fonte de inspiração para o GayLussac há muitos anos, nessa semana estamos imersos em um curso exclusivo de formação de professores com a presença das educadoras italianas Maddalena Tedeschi e Francesca Gambarini.

Luiza Sassi, Diretora Pedagógica, avalia: “Estar aqui com as representantes de Reggio em nossa escola estabelecendo esse diálogo profundo e direto é uma oportunidade inesquecível e de um valor formativo irretocável. Agradecemos muito à Cognita por nos proporcionar momentos de tanto cuidado e atenção aos professores e aos gestores que estão tendo essa chance de se desenvolver de maneira inédita. Todos os professores da Educação Infantil, professores especializados e de Fundamental 1 estiveram com a Maddalena e a Francesca num intenso diálogo”.

 

Dia  1: Emoção e cognição são inseparáveis

Ontem, Madalena e Francesca apresentaram um estudo de testemunho sobre um tema subjetivo: o desejo. O tema foi escolhido pelos adultos em Reggio e as crianças foram convidadas a dar forma a esse assunto em um trabalho de mais de um ano entre pesquisas e imersão. A explanação das palestrantes mostrava como as crianças reconhecem a universalidade e a gratuidade do desejo, colocando esse aprendizado em prática em experimentações artísticas que decoraram a praça pública, um grande mural, no coração da cidade. As duas compartilharam o depoimento de uma das crianças italianas: “Nós, ao muro, demos um novo desejo, demos o desejo de coragem”.

A professora Andrea Figueiredo, do 4º ano, conta: “Achei maravilhoso o reconhecimento de que não existe separação entre um tempo de cognição e de emoção: os dois são inseparáveis e inadiáveis. O que está envolvido na emoção tem que ser realizado no mesmo momento”.

 “O adulto deve se mostrar como adulto para que a criança se enxergue diferente dele”, Madalena Tedeschi

Dia 2: Explorar com o corpo todo

O segundo dia foi momento de imersão na pedagogia reggiana para as professoras da Educação Infantil. Madalena e Francesca analisaram a documentação pedagógica das turmas e nossas docentes colheram sugestões preciosas. Também falaram sobre a importância do ambiente de aprendizagem e do incentivo da vida ao ar livre. Todas as escolas de Reggio tem um espaço verde e as propostas pedagógicas giram em torno da exploração das potencialidades desse ambiente para a aprendizagem.

Nesse sentido, as educadoras mostraram o potencial criativo e original dos materiais que são colhidos nesse espaço. Eles são direcionados a um Ateliê onde se transformam em tema de inspiração para buscas científicas, musicais, artísticas e corporais. E todas essas descobertas e exploração são feitas com o corpo inteiro, que participa ativamente da aventura, se sujando e habitando esse espaço mesmo quando o tempo está feio.

As professoras Isabel Cristine (Jardim 1), Maria Alice, Elda Martins e Luiza Romeiro (Maternal) contam: “Está sendo muito bom, pois vemos que estamos indo no caminho certo.  Temos o que melhorar, mas não estamos distantes da perspectiva que julgamos ideal”.

Dia 3: A inquietude de um confronto positivo

Para que um professor tenha sempre algo a ensinar, ele precisa estar aprendendo continuamente. Para que uma escola se mantenha viva, ela precisa estar aberta a novas ideias. Assim, as professoras do Ensino Fundamental 1 e coordenadoras da nossa escola participaram do terceiro dia do curso inédito sobre metodologias educacionais de Reggio Emília, ministrado pelas Pedagogas Maddalena Tedeschi e Francesca Gambarini, cujo diálogo apresentou o caminho aberto para uma educação contínua, coletiva e construtiva.

Para essa pedagogia, “Nenhum aluno é considerado insuficiente, assim como ninguém esgota a busca ou o conhecimento em algo”, explica Maddalena. A professora Andreia Figueiredo conta: “A palestra de hoje foi mais específica para o Fundamental I. Ela falou muito sobre a coletividade, do trabalho em grupo, e também sobre a importância da força do trabalho coletivo, das crianças aprenderem competências juntas, uma acrescentando ao trabalho da outra. Houve também uma fala muito interessante, quando ela diz que a escola, antes de tudo, é um lugar de pesquisa, um fermento vital. Saí da palestra cheia de inquietude e novas ideias que alimentam a premissa de que o aluno é o centro do processo de aprendizagem e que a participação deles é fundamental”.