Conviver | Julho 2017
31/07/2017

O momento do desfralde 

Os primeiros anos de vida de uma criança são repletos de mudanças e descobertas. Sabemos que o bebê nasce completamente dependente dos cuidados de alguém, tanto para alimentar-se quanto para seus cuidados básicos. Sendo assim, o ser humano é absolutamente relacional e suas conquistas no processo de crescimento e desenvolvimento se dão sempre influenciadas pelo contexto a sua volta e pela atuação das pessoas que a cercam.

Quando o assunto é o desfralde, precisamos levantar algumas questões. O desfralde é um processo muito particular para cada criança, geralmente acontecendo entre os 2 e 3 anos de idade. É importante ressaltar que, para que o desfralde aconteça, é necessário que a criança tenha atingido maturidade neurológica e que consiga realizar algumas ações com autonomia, como andar, segurar objetos, atender a pequenos comandos, além de comunicar-se para buscar aquilo que anseia, mesmo que seja através de gestos e pequenas palavras.

A retirada da fralda exige da criança uma maior consciência de seu corpo e de suas sensações, e implica numa mudança de hábito significativa, pois ela deverá parar o que está fazendo para dirigir-se ao vaso, o que não acontecia antes, pois continuava suas atividades ao mesmo tempo que fazia suas necessidades fisiológicas. Vale lembrar que na retirada da fralda, a urina costuma ser mais fácil, pois as fezes possuem uma representação simbólica para as crianças, em alguns casos trazendo angústia e sofrimento para as mesmas. Além disso, é importante ressaltar que a fralda noturna deve ser a última a ser retirada, pois é um processo que exige um controle maior dos esfíncteres.

O momento de iniciar o desfralde é uma decisão da família, mas que deve ser compartilhado com a escola, pois o ideal é que o processo se dê paralelamente. Recomendamos que, uma vez iniciado, o desfralde deve ser levado adiante, sem interrupções, a ser conduzido pela família e pela escola. Geralmente, o ambiente escolar é muito propicio a esse processo, pois existe o estímulo da criança ao ver seus colegas utilizando o banheiro com o vaso da sua altura, sem necessitar de adaptador. Porém, é um processo muito singular; algumas crianças podem não se sentir tão à vontade para utilizar o banheiro da escola, às vezes demonstrando medo ou qualquer outra resistência. Por isso, a troca entre família e escola é fundamental, a fim de compartilhar informações e traçar estratégias no sentido de um processo saudável e tranquilo para a criança.

Durante o desfralde, é esperado que aconteçam escapulidas e a criança muitas vezes urine nas calças. Isso ocorre porque é a construção de um hábito e quando isso acontecer o adulto deve ter uma atitude positiva em relação à criança, pedindo que da próxima vez ela se lembre de avisar para utilizar o vaso, sem repreendê-la, agindo com naturalidade. O importante é iniciar o desfralde com convicção de que é o momento propício, com tranquilidade e segurança por parte dos adultos. Não é indicado iniciar o desfralde juntamente com a retirada da chupeta ou, por exemplo, enquanto a criança está em adaptação na escola ou ainda na época da chegada de um irmãozinho, pois todas essas mudanças são muito significativas.

Caso tenha alguma dúvida em relação a esse processo, recomendamos que procure a escola e, juntos, buscaremos estratégias para ajudar nesse momento tão importante no desenvolvimento das crianças.

Contem conosco também nesse capítulo da vida de seus filhos!

Pela equipe,

Ana Luiza Neves

(Psicóloga da Educação Infantil do Maternal ao Jardim 2)

Crédito da imagem: Deucee/Thinkstock/Getty Images